Vida Por vida
Esta semana aprendi que, heróis não são aqueles que realizam obras notáveis.
Mas os que fizeram o que foi necessário e assumiram as consequências.
Um dia estava eu no quartel de bombeiros em Peniche quando uns pais angustiados vieram pedir ajuda. A sua filha estava mal psicologicamente. Tinha desaparecido de casa e eles tinham receio que ela se suicidasse.
Peniche é uma península com boas praias mas também com muitas falésias que as pessoas com problema aproveitam para desistir da vida.
Juntámos uma equipa e resolvemos começar na zona norte junto à estrada da marginal em frente à Papoa.
Mas chegamos ao local recebemos logo más notícias, alguém tinha visto a moça atirar-se da falésia.
Este tipo de situações é muito frustrante para quem pretende salvar porque as hipóteses da pessoas estar viva são extremamente diminutas e portanto a partir daí objectivo é recuperar corpo para entregar à família.
Na equipa ia um bombeiro de seu nome Fernando Malheiros, carpinteiro naval de profissão e pescador experiente que conhecia todos os acessos possíveis lugares daquela falésia onde a nossa vítima poderia estar, isto é claro se não tivesse atingido o mar. Depois de verificados todos esses lugares sem resultado, acabamos por parar a busca partindo do princípio que a vitima teria de facto caído ao mar e se tinha afogado.
Quando íamos de regresso ao quartel o Fernando volta-se para mim e diz: Hoje de madrugada quando a maré estiver baixa volto cá com outra equipa. E de facto nessa noite a equipa do Fernando descobriu a vítima numa caverna não acessível durante o período das primeiras buscas. Estava em hipotermia e tinha uma fractura numa das pernas, mas estava viva. Foi de imediato levada ao hospital. Se não tivesse sido Fernando a tomar a decisão de voltar naquela noite, a moça teria com certeza morrido.
Mais tarde em conversa com ele perguntei-lhe como seria que ela tinha conseguido chegar à gruta com uma perna fracturada e ele respondeu de uma forma simples mas profunda, de quem conhece e respeita: foi o mar que a devolveu.
Um abraço ao Fernando.
Autor Francisco Zaragoza.
Jornal “Bombeiros de Portugal”
O bombeiro Fernando Malheiro é um bombeiro em regime voluntário, como muitos milhares de bombeiros existente no país, que têm diversas actividades profissionais, que podem ir de médico a um simples pescador ou carpinteiro e como hobby são bombeiros, e a conjugação dessas actividades profissionais com à de Bombeiro podem fazer a diferença entre a vida e a morte de quem necessite de socorro.
Se o bombeiro Fernando Malheiro não fosse pescador e conhecedor do seu meio ambiente onde exerce a sua actividade profissional “o mar”, certamente a jovem acabaria por morrer, porque esses conhecimentos não se adquirem em formação, são conhecimentos adquiridos por experiencia de vida.
http://voo-da-fenix.blogspot.com/
3 comentários:
Esta é a grande verdade da vida...a experiencia de um bombeiro pode ser determinante.
Parabens pelo texto.
Um abraço do bombeirosparasempre
Boas Fenix.
Se possivel, gostaria que entrasses em contacto comigo, via e-mail, o mais rapidamente possivel.
Obrigado
O meu contacto é romeo@sapo.pt
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