sexta-feira, 15 de julho de 2011

Quando temos que socorrer um dos nossos.

Nos últimos 30 anos morreram cerca de 80 bombeiros em serviço, e alguns milhares sofreram ferimentos graves.

Socorrer um colega ou um familiar é uma pressão psicológica extrema para as equipas de socorro, já estive em ocorrência com bombeiros feridos gravemente até mortais, e já vi os melhores dos melhores bombeiros a bloquearem mentalmente, de dez ou quinze homens num local de acidente, somente um ou dois conseguiram ultrapassar o choque emocional de socorrer um colega.

A estrutura responsável pelos bombeiros em Portugal e pela coordenação do socorro devia ter planos de intervenção de excepção para essas situações. Assim que seja detectado um acidente envolvendo bombeiros na sua área de actuação própria, além do accionamento dos meios de socorro local, devia ser obrigatório o accionamento simultâneo de meios de socorro de outro corpo de bombeiros limítrofe, uma precaução de ter equipas que assumam o socorro em caso de necessidade.

Outra situação é os senhores elementos de comando e chefias que coordenam o socorro dentro dos corpos de bombeiros, terem especial atenção de não permitirem que socorristas saiam para socorrer os seus próprios familiares, uma atitude que muitas das vezes que não tida em conta, que pode trazer consequências graves quer para o socorro quer a nível psicológico para o socorrista.

Imagine o que é um filho sair numa ambulância para socorrer uma situação de PCR no seu pai, ou ainda pior, imagine uma tripulação de uma ambulância a executar SBV numa criança, e um dos socorrista ser o próprio pai da criança, uma situação real, detectada quando um médico da VMER quis suspender o SAV, onde saiu uma palavra do bombeiro “ não suspenda, é o meu filho”.

A estrutura dos bombeiros em Portugal não pode actuar de forma passiva e irresponsável para esse problema que teima ser visto como tabu no seio dos bombeiros, deviam actuar e seguir o exemplo de outros organismos públicos, principalmente o da saúde, que tem normas que tentam proteger os seus profissionais desses atentados psicológicos, impondo normas e directrizes para atenuar os efeitos negativos.

Não podemos esquecer que os bombeiros antes de serem bombeiros são humanos, mesmo que sejam usados como simples maquinas.

Fénix

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