segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Bombeiros criticam INEM e a política do Governo

Uma ambulância de socorro propriedade e com tripulação própria do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) fica três a cinco vezes mais cara ao Estado do que uma viatura do INEM estacionada e com tripulação de corporações bombeiros (PEM, posto de emergência médica). As contas são da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP), que foi ontem pedir ao Ministério da Saúde que "diga no concreto o que quer dos bombeiros portugueses".
Em causa está aquilo que a LBP encara como a criação de uma "rede paralela de emergência pré-hospitalar" através do INEM. Fala concretamente nas ambulâncias de suporte básico ou imediato de vida (SBV e SIV) que vão sendo instaladas pelo país, com prioridade para zonas onde há encerramentos de urgências e atendimento nocturno em centros de saúde.
Segundo o presidente da Liga, Duarte Caldeira, muitas vezes essas ambulâncias são colocadas onde já existem PEM, duplicando serviços. Porque, apesar de terem um enfermeiro, a triagem do centro de orientação de doentes urgentes acaba por activá-las prioritariamente para qualquer emergência. "Muitas vezes em situações em que não seriam necessárias", diz, "subalternizando o papel dos bombeiros". Que, além do mais, garante, têm tripulações com melhor formação (na Escola Nacional de Bombeiros), do que a que tem sido dada "à pressa" pelo próprio INEM para essas ambulâncias.
Feitas as contas aos salários dos tripulantes, Fernando Vilaça, da LBP, calcula que uma ambulância tripulada pelo INEM custe 12 mil euros por mês (cinco tripulações de duas pessoas para 24 horas de operacionalidade). Mas pelos PEM o Estado só paga aos bombeiros 2500 a 3500 euros por mês, em função do movimento. "Por que não pega nesse dinheiro e oferece mais formação aos bombeiros, reconhecendo os recursos disponíveis?", questiona o dirigente. Até porque, além das 184 viaturas em PEM, os bombeiros dispõem de mais de 1200 ambulâncias de socorro."
Se o Ministério quer ficar com o exclusivo da emergência pré-hospitalar, que o diga e os bombeiros saem do sistema. Se nos quer como parceiros, não pode ter uma atitude de subalternização, à espera de completar a rede alternativa do INEM", diz Duarte Caldeira. Que saiu satisfeito do encontro com a secretária de Estado da Saúde. "Pediu-nos um memorando para calendarizar uma discussão ponto por ponto". Contactado pelo JN, o presidente do INEM não quis comentar um assunto discutido no Ministério da Saúde.
" Jornal de Noticias"

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